18 de julho de 2009

Viva Las Vegas!

Ontem, finalmente, recebemos a autorização do visto brasileiro permanente do David!!! Demorou (MUITO), e por causa das nossas experiências "traumáticas" relacionadas ao consulado brasileiro de L.A., estamos até um pouco inseguros, quase que esperando - tá, o que será que vai ser dessa vez...

Mas como sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, o visto sairia, decidimos passear um pouquinho por aqui - fomos pra Las Vegas passar um fim de semana!

Las Vegas, que em português significa Os Campos (mesmo sendo uma cidade no deserto), fica no estado de Nevada, e é bem pertinho aqui da Califórnia - foi uma viagem de carro de 5 horas, saindo de Los Angeles. A viagem foi muito legal - a estrada passa pelo deserto, mas se vê as montanhas bem distantes o tempo inteiro. Las Vegas também é chamada de "Sin City" (Cidade do Pecado) por causa dos casinos e strip-clubs. É uma das únicas cidades americanas onde se pode fumar e beber em qualquer lugar, incluindo dentro de hotéis, restaurantes e nas calçadas. Uns dos maiores hotéis do mundo ficam em Las Vegas - alguns deles com mais de 3.000 quartos! Todos os principais hotéis têm casino, e a grande maioria deles têm temas diferenciados - velho-oeste, Paris, Veneza, tropical, império romano, etc.

Eu sempre tive uma imagem de Las Vegas - hotéis grandes, casinos intermináveis e infinitas luzes. Mas só estando lá pra perceber que parece, literalmente, um outro mundo. Os hotéis são bem maiores do que eu achei que seriam. Muitos hotéis têm shoppings - o meu preferido foi um com céu artificial... Não importa se tem chuva ou se tá escuro do lado de fora, é sempre dia ensolarado do lado de dentro. Os temas de cada lugar são levados extremamente ao pé da letra, os detalhes são incríveis e é fácil se deixar levar pela ilusão de estar num país diferente. Tem muita gente, toda hora, em todos os lugares. Velhinhos, executivos, casais, grupos de amigos (geralmente tombando de bêbados), típicos turistas (...). Só praticamente não tem crianças. Las Vegas definitivamente não é um lugar pra crianças - e criança aqui (nos EUA) é qualquer pessoa com menos de 21 anos. Como é permitido fumar em qualquer lugar, tudo tem cheiro de cigarro e tem pessoas inconvenientes que beberam demais por todos os cantos, inclusive nas piscinas dos hotéis. Criança não pode entrar nos casinos (os guardinhas pediram pra ver minha identidade mais de uma vez), e os hotéis não tem àreas infantis ou nada parecido. Ou seja, eu adorei. Prefiro ouvir o povo alegrinho cantando no meio da rua do que criança choramingando. O pior de tudo é que tem gente que leva criança lá mesmo assim. Vai entender né...

Eu e o David passeamos muito pelos hotéis, passamos bastante tempo tomando "Margaritas" à beira da piscina, e teve uma noite que a gente jogou nas máquinas do casino do nosso hotel. Tínhamos separado $40 dólares pra jogar... eu tava sem sorte NENHUMA, mas o David dobrou o dinheiro e a gente continuou jogando por um tempão com "os lucros" dele. Quando começamos a perder, decidimos voltar do quarto do hotel com os $40 que tínhamos conseguido recuperar. Entramos no quarto, um olhou pro outro e demos a meia volta pra jogar mais... hahahaha Desistimos depois de perder os $40 dólares - mas agora entendo o porque é tão fácil se deixar levar em um casino - é divertido!

E, é claro, não podia faltar o nosso casamento a-las-vegas! Numa igrejinha de mentira, com o Elvis de "padre", eu de show-girl e o David de egípcio (meu pai chamou de cleópatra, mas td bem). Eu sei que tudo indica que foi idéia minha - mas não foi. Tudo idéia do David e eu, obviamente, AMEI!! A igrejinha ficava numa rua onde tinham inúmeras outras igrejinhas do mesmo tipo... e do outro lado da rua tinha um bar e um strip-club. Nosso casamento foi às 3 da tarde, e o termômetro do lado de fora marcava 42oC graus!!!! Foi tudo muito legal, a gente curtiu bastante e riu muito também.

O resto... bom, deixa pra lá. Afinal, o que acontece em Vegas, fica em Vegas! :-D

Sites:

http://www.vegas.com/

http://www.lvhilton.com/

http://www.vivalasvegasweddings.com/

Las Vegas

Dirigindo pra Vegas




Hotel Bellagio


Hotel Caesar's Palace


Hall do Hotel Caesar's Palace - qse sempre tinham filas pra fazer check-in nos hotéis.


Shopping dentro do Hotel Caesar's Palace, com o céu de mentirinha.



Note o tamanho da Margarita!


Igrejinha


Antes do casório.

9 de julho de 2009

Vô Rolf

Fazem dias que quero lembrar, quero contar, quero chorar. Fazem agora 5 dias.

Naquele dia acordei tarde, pois, assim como hoje, não consegui dormir por muito tempo na noite anterior. Acabei tomando alguma coisa pra me ajudar, e acordei no dia seguinte morrendo de calor e surpresa com o horário. Abri meu email quando nem tinha levantado da cama ainda - e foi quando li o email que a mãe tinha mandado - meu vozinho, Rolf, faleceu naquela manhã.
No mesmo momento levantei da cama, saí andando pela casa meio sem saber o que fazer, sem saber direito o que sentir.

Eu sabia que o vô tava no hospital. Eu sabia que haviam melhoras e pioras. Mas eu também sabia que tinha uma esperança de ele melhorar e poder ir pra casa. Falta tão pouquinho pra nossa mudança ao Brasil, e sempre achei que o veria de novo. Sempre.
Há três meses eu escrevi uma carta pro vô Rolf. Contei dos nossos planos de mudança ao Brasil, contei nossas expectativas e disse que estava feliz porque estaria perto da família de vez - e perto dele. Enviei a carta e, mais tarde, naquele mesmo dia, fiquei sabendo do acidente. A carta nunca foi lida...
3 meses! 3 meses de hospital, de ficar pior, daí ficar melhor. 3 meses querendo ir pra casa sem poder. E me dói muito não poder ter estado perto do vô segurando a mão dele. Me dói muito não poder ter estado com minha mãe quando sei que ela precisava de mim, de me sentir de mãos atadas e não poder ajudar, de alguma forma, a família que fez o que pode pra que o vozinho melhorasse.
Eu não me arrependo de nenhuma decisão que tomei até hoje em minha vida e meus planos. Porém, tem vezes que sou obrigada a deixar decisões importantes da minha vida em mãos alheias. E dessa vez, uma dessas decisões alheias tem custado minha paz interior. Tenho raiva. Do consulado brasileiro de Los Angeles. Do descaso de 90% das pessoas que trabalham lá. De que a incompetência de uns possam atrasar tanto a minha vida. De que esse atraso me custou os últimos meses que eu poderia estar com meu vô. Raiva é um sentimento tão ruim, tão poluído com coisas más. Mas sei que nada do que eu faça ou sinta agora vai trazer meu vô de volta. Eu prefiro acreditar que tudo aconteceu desse jeito por alguma razão.

Lembro da última vez que vi o vô Rolf. Foi em novembro do ano passado (2008), eu e o David estávamos passando 3 semanas no Brasil. Eu passei no escritório pra me despedir do vô antes de voltar pros EUA. Ele não tinha ido trabalhar aquele dia porque não estava se sentindo bem, mas ele veio me ver mesmo assim. Quem o conhece, sabe que ele estava sempre arrumadinho, com cabelo e bigode penteados. Aquele dia ele veio me ver de bermudão, camiseta azul e cabelo bagunçado - um fofo!! =) Ele me abraçou e me deu um "dinheirinho pra lanchar no aeroporto". Bem coisa de vô!
Eu tenho lembranças de quando eu era criancinha. Na Páscoa sempre tinha chocolate escondido atras das cortinas. Ele sempre comia fruta depois do almoço e cuca de banana pro café da tarde. Não passava um dia sem uma dormidinha depois do almoço. Tinha ciúmes da Rural (a gente brincava na Rural escondidos pra ele não brigar).
Lembranças mais recentes eu tenho poucas. Antes de eu me mudar pros EUA, lembro que de vez em quando o vô ia tomar café da tarde com a gente no Planeta Festa. Depois que fui embora, escrevia cartas pra ele de vez em quando. Ele nunca respondia as cartas, mas eu soube o quanto ele gostava de recebe-las quando as vi em cima na mesa do escritório dele, empilhadinhas embaixo de uns papéis.

Tive uma surpresa boa há 2 dias, quando a mãe encontrou 2 cartas que o vô começou a me escrever. Ela as escaneou e mandou pra mim, e eu tenho lido as poucas linhas tantas vezes que já quase decorei as palavras. Fico feliz em saber que ele tinha a intenção de me escrever... fico feliz em saber que, apesar da distância, eu estava nos pensamentos dele assim como ele sempre esteve - e sempre estará - nos meus.

2 de julho de 2009

Here.

When I wake up, the only thing I am certain of is that I will see the sun when I open the blinds.
I can never tell if it's gonna be cold or warm, windy or humid.
I don't know if there will be an earthquake or not, causing me to panic for a second thinking about that possibility. I never really know what time it is when I wake up, all I know is that it's later than yesterday morning. Sometimes I'm starving when I wake up (and then I eat a lot), sometimes I'm not. Almost everyday the puppies get very excited when they first see me, but there were days when they didn't really care much about it.
I get dressed to go wherever I have to go. Yesterday I was in a weird mood, so I grabbed the first black jeans and the first white shirt that I could find - it was easier to match and I wouldn't have to change purses to match the shoes that go with my summer dress. Well, today, life is good and I spend a lot of time trying to find an outfit that matches my mood.
I get in my car and I decide to listen to the radio. Like usual, I forgot to bring my Ipod with me. Like usual, I forgot to bring some new CDS to listen to - even though I LOVE Silverchair and Muse, there is a limit to how many times I can listen to it. Who knows.. I might like a new song that they are playing on the radio these days...
I drive away and I can already tell that it will take me a while to get to where I'm going - there are days when traffic isn't bad, but there are more days when traffic would be unbearable if it wasn't so common. But today I'm patient - I can take my time. There are days when I'm in a hurry, then you'd better get out of my way!
Sometimes I am inspired, I cook dinner and I even make salad! But there are days when David has to take care of that - but he doesn't really mind making his specialty (sandwiches). Uhm... ok, let's be fair here! He cooks too. But, just like me, he has to be inspired too. It would help if our inspiration would be less rare than rainbows. Anyways.
There are days when everything goes wrong, that we get frustrated, that we change our plans. But there are days when things go right, and we get excited, and we decide that our efforts were worth it.
It seems that here in L.A. things change faster than anywhere else I've ever been. things become chaotic, then they get normal, they get perfect, they become unreal, thing are never changing, or they'll change forever. Who knows... What tomorrow will be, I don't know yet. But as soon as I wake up, later than today, the sun will be shinning - at least that will never change :)

Aqui.

Quando eu acordo, a única certeza que tenho é que vou ver o sol assim que abrir a cortina.
Se vai estar frio ou calor, com vento ou por algum milagre o clima vai estar levemente úmido, disso eu já nunca sei.
Eu também não sei se naquele dia vai ter terremoto ou não, e faço cara de pânico por um segundo, só de pensar nessa possibilidade. Nunca sei direito que horas são quando acordo, só sei que deve ser mais tarde do que ontem de manhã. Às vezes acordo morrendo de fome (e como pra caramba), e às vezes não. Quase todos os dias as cachorrinhas ficam bem empolgadas quando me vêem, mas já teve dia que elas nem ligaram muito.
Me arrumo pra ir onde eu tenho que ir. Ontem eu tava de mau-humor, daí vesti a primeira calça preta e a primeira blusinha branca que encontrei. Mais fácil de combinar, não tava com saco de tirar tudo da minha bolsa preta só pra combinar com um sapato que fique bem com meu vestido de verão. Já hoje, a vida é bela e eu gasto bastante tempo pra achar alguma coisa que combine com o meu humor - de bem com a vida.
Entro no carro e decido ouvir rádio. Como sempre esqueci de trazer o ipod. Como sempre esqueci de trazer uns cds novos pro carro - por mais que eu AME de paixão Silverchair e Muse, tudo tem limite. Quem sabe eu goste de alguma música nova que nunca ouvi e que tão tocando por aí...
Saio de casa e já dá pra saber que vou demorar pra chegar onde estou indo - tem dias que o movimento de carros é pouco... tem bem mais dias que o movimento seria insuportável se não fosse tão comum. Mas hoje eu tô paciente - sem pressa pra nada. Tem dia que tenho pressa, daí, sai da frente!
Às vezes eu fico inspirada, cozinho o jantar e até faço salada! Mas têm também os dias que sobra pro David - mas ele não se importa em fazer a especialidade dele pra janta (sanduiche). Tá, vou ser justa. Ele também cozinha. Mas que nem eu, tem que estar inspirado. Ajudaria se a nossa inspiração fosse menos rara que arco-íris. Mas enfim.
Tem dia que tudo dá errado, que a gente desanima, que a gente muda os planos. Mas tem dia que dá tudo certo, e a gente se empolga, e a gente decide que valeu a pena nossos esforços.
Parece que aqui em L.A. tudo muda mais rápido do que em qualquer outro lugar que eu já estive. Muda pra caótico, muda pra normal, muda pra perfeito, muda pra irreal, muda pra nunca, muda pra sempre, vai entender né... O que muda amanhã eu ainda não sei, mas assim que eu acordar, mais tarde que hoje, o sol vai estar brilhando - e, pelo menos isso, não muda nunca. :)