Fazem dias que quero lembrar, quero contar, quero chorar. Fazem agora 5 dias.
Naquele dia acordei tarde, pois, assim como hoje, não consegui dormir por muito tempo na noite anterior. Acabei tomando alguma coisa pra me ajudar, e acordei no dia seguinte morrendo de calor e surpresa com o horário. Abri meu email quando nem tinha levantado da cama ainda - e foi quando li o email que a mãe tinha mandado - meu vozinho, Rolf, faleceu naquela manhã.
No mesmo momento levantei da cama, saí andando pela casa meio sem saber o que fazer, sem saber direito o que sentir.
Eu sabia que o vô tava no hospital. Eu sabia que haviam melhoras e pioras. Mas eu também sabia que tinha uma esperança de ele melhorar e poder ir pra casa. Falta tão pouquinho pra nossa mudança ao Brasil, e sempre achei que o veria de novo. Sempre.
Há três meses eu escrevi uma carta pro vô Rolf. Contei dos nossos planos de mudança ao Brasil, contei nossas expectativas e disse que estava feliz porque estaria perto da família de vez - e perto dele. Enviei a carta e, mais tarde, naquele mesmo dia, fiquei sabendo do acidente. A carta nunca foi lida...
3 meses! 3 meses de hospital, de ficar pior, daí ficar melhor. 3 meses querendo ir pra casa sem poder. E me dói muito não poder ter estado perto do vô segurando a mão dele. Me dói muito não poder ter estado com minha mãe quando sei que ela precisava de mim, de me sentir de mãos atadas e não poder ajudar, de alguma forma, a família que fez o que pode pra que o vozinho melhorasse.
Eu não me arrependo de nenhuma decisão que tomei até hoje em minha vida e meus planos. Porém, tem vezes que sou obrigada a deixar decisões importantes da minha vida em mãos alheias. E dessa vez, uma dessas decisões alheias tem custado minha paz interior. Tenho raiva. Do consulado brasileiro de Los Angeles. Do descaso de 90% das pessoas que trabalham lá. De que a incompetência de uns possam atrasar tanto a minha vida. De que esse atraso me custou os últimos meses que eu poderia estar com meu vô. Raiva é um sentimento tão ruim, tão poluído com coisas más. Mas sei que nada do que eu faça ou sinta agora vai trazer meu vô de volta. Eu prefiro acreditar que tudo aconteceu desse jeito por alguma razão.
Lembro da última vez que vi o vô Rolf. Foi em novembro do ano passado (2008), eu e o David estávamos passando 3 semanas no Brasil. Eu passei no escritório pra me despedir do vô antes de voltar pros EUA. Ele não tinha ido trabalhar aquele dia porque não estava se sentindo bem, mas ele veio me ver mesmo assim. Quem o conhece, sabe que ele estava sempre arrumadinho, com cabelo e bigode penteados. Aquele dia ele veio me ver de bermudão, camiseta azul e cabelo bagunçado - um fofo!! =) Ele me abraçou e me deu um "dinheirinho pra lanchar no aeroporto". Bem coisa de vô!
Eu tenho lembranças de quando eu era criancinha. Na Páscoa sempre tinha chocolate escondido atras das cortinas. Ele sempre comia fruta depois do almoço e cuca de banana pro café da tarde. Não passava um dia sem uma dormidinha depois do almoço. Tinha ciúmes da Rural (a gente brincava na Rural escondidos pra ele não brigar).
Lembranças mais recentes eu tenho poucas. Antes de eu me mudar pros EUA, lembro que de vez em quando o vô ia tomar café da tarde com a gente no Planeta Festa. Depois que fui embora, escrevia cartas pra ele de vez em quando. Ele nunca respondia as cartas, mas eu soube o quanto ele gostava de recebe-las quando as vi em cima na mesa do escritório dele, empilhadinhas embaixo de uns papéis.
Tive uma surpresa boa há 2 dias, quando a mãe encontrou 2 cartas que o vô começou a me escrever. Ela as escaneou e mandou pra mim, e eu tenho lido as poucas linhas tantas vezes que já quase decorei as palavras. Fico feliz em saber que ele tinha a intenção de me escrever... fico feliz em saber que, apesar da distância, eu estava nos pensamentos dele assim como ele sempre esteve - e sempre estará - nos meus.
Naquele dia acordei tarde, pois, assim como hoje, não consegui dormir por muito tempo na noite anterior. Acabei tomando alguma coisa pra me ajudar, e acordei no dia seguinte morrendo de calor e surpresa com o horário. Abri meu email quando nem tinha levantado da cama ainda - e foi quando li o email que a mãe tinha mandado - meu vozinho, Rolf, faleceu naquela manhã.
No mesmo momento levantei da cama, saí andando pela casa meio sem saber o que fazer, sem saber direito o que sentir.
Eu sabia que o vô tava no hospital. Eu sabia que haviam melhoras e pioras. Mas eu também sabia que tinha uma esperança de ele melhorar e poder ir pra casa. Falta tão pouquinho pra nossa mudança ao Brasil, e sempre achei que o veria de novo. Sempre.
Há três meses eu escrevi uma carta pro vô Rolf. Contei dos nossos planos de mudança ao Brasil, contei nossas expectativas e disse que estava feliz porque estaria perto da família de vez - e perto dele. Enviei a carta e, mais tarde, naquele mesmo dia, fiquei sabendo do acidente. A carta nunca foi lida...
3 meses! 3 meses de hospital, de ficar pior, daí ficar melhor. 3 meses querendo ir pra casa sem poder. E me dói muito não poder ter estado perto do vô segurando a mão dele. Me dói muito não poder ter estado com minha mãe quando sei que ela precisava de mim, de me sentir de mãos atadas e não poder ajudar, de alguma forma, a família que fez o que pode pra que o vozinho melhorasse.
Eu não me arrependo de nenhuma decisão que tomei até hoje em minha vida e meus planos. Porém, tem vezes que sou obrigada a deixar decisões importantes da minha vida em mãos alheias. E dessa vez, uma dessas decisões alheias tem custado minha paz interior. Tenho raiva. Do consulado brasileiro de Los Angeles. Do descaso de 90% das pessoas que trabalham lá. De que a incompetência de uns possam atrasar tanto a minha vida. De que esse atraso me custou os últimos meses que eu poderia estar com meu vô. Raiva é um sentimento tão ruim, tão poluído com coisas más. Mas sei que nada do que eu faça ou sinta agora vai trazer meu vô de volta. Eu prefiro acreditar que tudo aconteceu desse jeito por alguma razão.
Lembro da última vez que vi o vô Rolf. Foi em novembro do ano passado (2008), eu e o David estávamos passando 3 semanas no Brasil. Eu passei no escritório pra me despedir do vô antes de voltar pros EUA. Ele não tinha ido trabalhar aquele dia porque não estava se sentindo bem, mas ele veio me ver mesmo assim. Quem o conhece, sabe que ele estava sempre arrumadinho, com cabelo e bigode penteados. Aquele dia ele veio me ver de bermudão, camiseta azul e cabelo bagunçado - um fofo!! =) Ele me abraçou e me deu um "dinheirinho pra lanchar no aeroporto". Bem coisa de vô!
Eu tenho lembranças de quando eu era criancinha. Na Páscoa sempre tinha chocolate escondido atras das cortinas. Ele sempre comia fruta depois do almoço e cuca de banana pro café da tarde. Não passava um dia sem uma dormidinha depois do almoço. Tinha ciúmes da Rural (a gente brincava na Rural escondidos pra ele não brigar).
Lembranças mais recentes eu tenho poucas. Antes de eu me mudar pros EUA, lembro que de vez em quando o vô ia tomar café da tarde com a gente no Planeta Festa. Depois que fui embora, escrevia cartas pra ele de vez em quando. Ele nunca respondia as cartas, mas eu soube o quanto ele gostava de recebe-las quando as vi em cima na mesa do escritório dele, empilhadinhas embaixo de uns papéis.
Tive uma surpresa boa há 2 dias, quando a mãe encontrou 2 cartas que o vô começou a me escrever. Ela as escaneou e mandou pra mim, e eu tenho lido as poucas linhas tantas vezes que já quase decorei as palavras. Fico feliz em saber que ele tinha a intenção de me escrever... fico feliz em saber que, apesar da distância, eu estava nos pensamentos dele assim como ele sempre esteve - e sempre estará - nos meus.
Bem minha lindinha, como eu sempre digo, o importante na vida da gente é guardar as boas recordações, porque estas recordações são a nossa história. Ainda bem que, apesar de tudo, você tem muitas boas recordações de seu avozinho. Isso ninguem vai poder tirar de voce.
ResponderExcluirbjum amore mio
Ana, ler o que vc escreve é tudo de bom!! É sempre cheio de emoção e desta vez vc me fez chorar... acho que tinha me esquecido de tantos detalhes gostosos a respeito do vô e vou guardar isso pra sempre comigo. Um grande beijo pra vc minha linda.
ResponderExcluirKa
ana eu sinto muito viu
ResponderExcluirpensa que agora ele descansou depois de três meses doentinho :}
gostei do seu blog, sempre que eu puder eu vou entrar aqui pra ler como voce está e acho que a cor dele combina bem com voce :D
beijo, amanhã a gente vai assistir teu casamento :**
Oi amorzinho! Vc me fez chorar. Mto lindo o q vc escreveu! Te amo! Tua maezinha
ResponderExcluireu concordo! Foi muito lindo!!
ResponderExcluirTe amoooo amor!!!
Dave